quinta-feira, 14 de abril de 2011

99 anos de história e tragédia - Parte I

Mas, o que ocorreu na fatídica noite de 14 de abril de 1912?

Ilustração do impacto

 

Hoje, há 99 anos atrás uma tragédia acontecia: o impacto do RMS Titanic com um iceberg, no meio do Atlântico Norte. Muitos Titânicos reconhecem a data de hoje, como um dia de reflexão e dor, pois na madruga de hoje para 15 de abril, mais de 1.500 pessoas pereceram nas gélidas águas. Mas o que realmente aconteceu?

O Titanic não estava desavisado, dias e horas antes a sala Marconi do navio havia detectado inúmeros avisos de geleiras e icebergs. O navio Californian, que daqui a algumas horas vai presenciar o naufrágio, tentou avisar o Titanic que eles estavam retidos em um imenso e pesado campo de gelo de aproximadamente 47 km de comprimento por 4 km de largura, mas o Titanic estava trocando mensagens dos passageiros com o Cape Race e mandou o Californian parar de bloquear o sinal da estação M.G.Y (o Titanic). Veja agora alguns fatos que ocorreram horas e minutos antes do impacto e a conversa por telégrafo dos navios:

22h:45min
O Titanic mantém a velocidade. No Californian, o Capitão Lord conversa com o engenheiro. Mostra-lhe o navio que avistou minutos antes e o convida para ir à Sala Marconi saber das novidades.

23h:00min
Recebida do Californian a sétima advertência de gelo.

 

Sala Marconi 

23h:10min
Phillips responde: “Caia fora. Cale a boca. Estou operando com Cape Race e você está bloqueando meu sinal.” E não passa a mensagem recebida à sala de navegação. Evans, por sua vez, não retruca e, durante a próxima meia-hora, irá distrair-se ouvindo o incessante tráfego do Titanic.

23h:15min
Mensagem do Titanic para Cape Race: Desculpe. Bloqueado. Repita, por favor.

23h:30min
Phillips encerra a comunicação com Cape Race.

23h:35min
No Californian, Evans desliga o aparelho e vai dormir. No cargueiro parado no gelo, mantém-se desperto só o pessoal do quarto. Um dos tripulantes tenta contatar pela lâmpada Morse com o navio cujas luzes são vistas pela proa de bombordo. Não há resposta, embora o alcance dos sinais da lâmpada seja de 18km. Fleet, no cesto da gávea, percebe uma névoa à frente do Titanic. Na asa da ponte, Murdoch também vigia, acompanhado de Moody, mas eles só podem ver aquilo que aparece acima da linha da proa. Um distante ponto de luz branca, a bombordo, que jamais será identificado, chama a atenção dos vigias e dos oficiais e quem sabe os distrai. Talvez seja a mesma e misteriosa embarcação que o Capitão Lord vê do Californian. Talvez seja o próprio Californian.

23h:40min
Fleet vê, a menos de 500 metros, a massa escura de um enorme iceberg, elevando-se a quase 20m da superfície, e de pronto bate o sino três vezes. Apanha o telefone e espera que alguém atenda na sala de navegação. Moody atende e educadamente agradece, e comunica a Murdoch, que já acorre da asa da ponte. Na sala do leme, atrás da sala de navegação, o primeiro oficial ordena ao timoneiro Hichens que “carregue todo o leme a estibordo.” Já de volta à sala de navegação, gira a manivela do telégrafo, determinando à casa de máquinas parada dos motores e reversão a toda potência. Pelo sistema hidráulico, fecha todas as portas estanques. Deveria acionar previamente o respectivo alarme e esperar dez segundos para fechar. A precipitação o leva a fazer as duas coisas ao mesmo tempo, pois decorrem apenas 15 segundos entre o aviso do vigia e o fechamento das portas. Boxhall, que em seu alojamento ouviu o sino, larga a xícara de chá, levanta-se e dirige-se à sala de navegação. A proa começa a virar para bombordo. Vira dez graus, mas não basta: 37 segundos após o aviso do vigia, o Titanic colide em seu costado de estibordo, abaixo da linha d'água e três metros acima da quilha, com a montanha de gelo. Boxhall, a meio caminho da sala de navegação, sente o baque. Um ligeiro tremor sacode o navio e, durante dez segundos, um surdo rangido assusta quem ainda não dormiu ou desperta quem já o fez. Amassadas, as placas da carena têm as cabeças de seus rebites arrancadas e cedem em vários pontos. As fendas são de alguns centímetros ou escassos milímetros, mas permitem que os quatro primeiros compartimentos de colisão estejam abertos para o mar. Duas toneladas de gelo sujo se desprendem da grimpa do iceberg e tombam despedaçadas entre o castelo da proa e a ponte de comando, e também na seção de vante do convés A. O timoneiro Olliver, que se encontra perto da ponte, vê o iceberg passar. O cume ultrapassa o convés dos barcos.

 

Vai bater!

        

Ilustração do transatlântico

 

23h:42min
O capitão deixa seu alojamento e chega à ponte. Murdoch avisa do iceberg e relata que mandou carregar a estibordo e reverter motores, mas o navio estava muito próximo e acaba por bater no iceberg. Pelo telégrafo, o capitão ordena à casa de máquinas meia-força à frente, mas logo contra-ordena: parar os motores. Manda Boxhall inspecionar os danos. Murdoch diz ao timoneiro Olliver que faça no livro de ocorrências o registro da colisão, ocorrida às 23h40min.

Titanic 1997, Capitão observa o gelo

23h:45min
A tripulação do Californian vê as luzes de um navio parado.

23h:50min
O capitão ainda não sabe, mas nos primeiros dez minutos após o impacto, a água, na proa, avança quatro metros acima da linha d'água, e os primeiros quatro compartimentos de colisão são invadidos. O quarto é a sexta sala de caldeiras. Seu piso, em circunstâncias normais, encontra-se 150m acima da superfície oceânica, mas agora a água já alcança 250m em suas paredes internas. Apenas três tripulantes conseguem escapar. A sala do correio, no convés G, que deveria estar seis metros acima da superfície oceânica, já foi alcançada, e isto significa que a água ultrapassou a terceira antepara, invadindo a sexta sala de caldeiras. É feita a chamada para que os marujos de convés se posicionem ao lado dos botes salva-vidas que lhes correspondem. Em situações de emergência, cada um deles tem sua posição predeterminada.

23h:55min
Bride desperta e vai assumir seu posto. Na Sala Marconi, ouve de Phillips que o navio sofreu algum dano e talvez precise retomar a Belfast. O relato do carpinteiro também não satisfaz o capitão, que deseja informações precisas. Ele pede a Andrews que faça uma avaliação. Ismay com um roupão sobre o pijama chega à ponte. O capitão relata que bateram em um iceberg. Apressadamente, Ismay se retira.

[Cronologia por: Alencar Silva – TITANIC MOMENTOS]

Reveja os acontecimentos posteriores ao impacto na 2ª parte da matéria.

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